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I - Natureza, ambiente e territórios sustentáveis

A construção de territórios sustentáveis passa primeiramente pelo equilíbrio entre as dinâmicas ambientais e económicas, mas conta também com as dinâmicas sociais, culturais e educativas postas ao serviço do planeamento e do ordenamento do território. O objetivo central está sempre nas dimensões ambiental e intergeracional que permita às sociedades de amanhã fruírem dos recursos territoriais em que assenta e se sustenta o desenvolvimento e o ordenamento do território, bem como a qualidade de vida das suas populações.

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Neste contexto, pretende-se a apresentação de estudos que tenham como tema central as relações entre a natureza, o ambiente e a sociedade, ainda que com o foco nos grandes temas ambientais do mundo de hoje. De modo mais específico, neste eixo temático, propõe-se a apresentação de estudos sobre:

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  • Alterações climáticas e ambientais e implicações no ordenamento do território – Ação climática (o clima e o território), particularmente no encontro das políticas de mitigação das alterações climáticas a nível global com as práticas de ordenamento a nível local;

 

  • Gestão da água e sustentabilidade das bacias (regiões) hidrográficas – Os problemas da gestão da água, particularmente a nível das políticas de gestão sustentável das bacias e das regiões hidrográficas, com particular destaque para os usos da água, as desigualdades territoriais delas decorrentes e os conflitos presentes na utilização de um recurso de usos múltiplos;

 

  • Natureza e sociedades de risco – Em relação com os dois subtemas anteriores, os estudos dos riscos naturais e ambientais, bem como do modo como a sociedade os produz, os enfrenta, lhes resiste e deles recupera.

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Ainda que todos os temas de Geografia Física sejam, naturalmente, bem-vindos, tendo em consideração o tema geral do encontro apela-se para a apresentação de estudos que contemplem a vertente de interface ou de articulação entre a natureza e a sociedade no modo de construção, evolução, perturbação e desenvolvimento dos territórios.

II - Espaços urbanos sustentáveis

A sustentabilidade pode ser vista como caraterística, de um território designadamente, e como processo, de transformação ao longo do tempo da relação da sociedade com o espaço. É, todavia, como ambição e utopia que o conceito, impreciso como todos, ganha mais força e permite melhor orientar a investigação científica (e as políticas públicas), mesmo quando se pretende apenas compreender passado e presente.

Os desafios que se colocam aos geógrafos e a outros na compreensão das transformações territoriais e no reforço da utilidade social do conhecimento geográfico, tem nos espaços urbanos um importante foco. De facto, não apenas a maioria das pessoas, atualmente, mora em espaços urbanos (o que na Europa atinge os 75%), como é nas cidades e em concentrações diversas de pessoas, empresas, informação e poder que se joga o essencial do futuro relativamente aos seus maiores desafios, como o da sustentabilidade.

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Neste subtema, encoraja-se a submissão de apresentações em âmbitos muito diversos, que tenham o espaço urbano como objeto ou base de investigação e reflexão. Considera-se designadamente:

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  • Cidades e regiões em transição ecológica e digital –  a centralidade das cidades na transição ecológica e digital, por exemplo no âmbito das políticas e comportamento nos domínios da acessibilidade e da mobilidade e gestão de grande quantidade de dados;

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  • Saúde e construção de espaços de bem-estar –  a relevância da dimensão geográfica da saúde, como fica bem demonstrado com a pandemia Covid-19, quando os espaços urbanos são essenciais e há uma especial compreensão da expressão geográfica das políticas de saúde e seus efeitos, e outras dimensões do bem-estar sobressaem (por exemplo a propósito da importância dos espaços verdes);

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  • Cidades inclusivas e sustentáveis/Economia, inovação e sustentabilidade – os pilares social e económico da sustentabilidade, em especial na sua relação com inclusão e inovação, seja na criação da cidade para todos, seja na afirmação das cidades num mundo melhor;

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  • Desafios do planeamento e da governança a importância das teorias, métodos e práticas do planeamento, assim como do estudo da evolução e das caraterísticas da governança urbana, das articulações multi-nível e dos novos exemplos de articulação entre planeamento, políticas publicas e governança territorial.

III - Turismo, património e sustentabilidade

O turismo é, hoje, um modo de ocupação dos tempos livres, especialmente prezado pelas pessoas, tornando-se a procura de mobilidade, com motivação de lazer, uma necessidade para uma parte significativa da população. Assumido tanto como indicador de democratização de acessos e práticas como responsável pela sua elitização, o turismo é uma atividade económica crescentemente significativa na socioeconomia de muitos países. Pensar o turismo como instrumento de desenvolvimento associado à sustentabilidade é, pois, essencial.

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Pretende-se, simultaneamente, que seja dado enfoque à oferta de património cultural e de atividades criativas, já que deixaram de ser propostas de pendor supletivo, passando, na verdade, a ser uma maneira de os territórios agilizarem a utilização da sua herança cultural e promoverem a relação entre os atributos tangíveis e intangíveis.

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A estes objetivos, agregam-se as investigações e análises em torno dos impactos locais do turismo, salientando-se o reconhecimento das populações, que vivenciam cada território, como parte da oferta e não um obstáculo para o enriquecimento da experiência turística.

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A tudo isto se juntam as investigações que se debruçam sobre o aumento do tempo de estada, o conhecimento do perfil do viajante, as suas motivações, as estratégias para a sua satisfação e superação de expetativas, as imagens e marcas dos territórios e o marketing, tanto em espaços de dinâmicas turísticas de grande densidade e intensidade, como em espaços de baixas densidades.

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Procura este subtema abordar a atratividade turística, com uma oferta qualificada, permitindo interpretações smart das práticas de gestão das cidades, das suas áreas de influência e dos territórios, em geral. São, também, integrados tematicamente os espaços rurais. Apesar do declínio demográfico e do abandono identificados, neles se conjuga cada vez mais a resiliência, a revitalização paisagística, a inovação, ou mesmo a recuperação social e cultural. Estas características associadas a baixas densidades, a elementos naturais e a práticas indutoras de cenários inclusivos e sustentáveis, torna-se incremental para a oferta turística, que em associação com a cultura e com o património atribuem ao espaço rural um valor acrescentado não despiciendo.

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O turismo e as suas geografias podem, pois, definir múltiplas situações de qualificação do território, promovendo o desenvolvimento de forma sustentável e inclusiva. Todos estes assuntos estarão no centro da análise, não esquecendo interpretações que possam olhar para o turismo como menos positivo para os territórios, através dos exageros na exploração dos recursos, e impactos negativos no ordenamento, devido a violações de restrições ambientais, desvalorização da gestão participativa, inflação de preços resultante de aumento da procura e sazonalidade da atividade turística.

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De modo mais específico, neste eixo temático, propõe-se a apresentação de estudos sobre:

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  • Turismo, património e desenvolvimento local;

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  • Lazer, território e sustentabilidade;

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  •  Smart tourism e experiências turísticas;

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  • Dinâmicas turísticas em territórios rurais e de baixas densidades.

IV - Educação para a sustentabilidade
 

A ideia da Educação para a Sustentabilidade surge porque estamos perante uma situação de emergência planetária, que ameaça gravemente o presente e o futuro da espécie humana e da biodiversidade. Os limites do nosso planeta estão a ser ultrapassados, fruto, em grande parte, da ação do homem. Porém, se o Homem é responsável pela degradação da biosfera, também ele é capaz de adotar medidas fundamentadas para reverter este processo.

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Para se avançar para a transição para uma sociedade sustentável é importante uma profunda transformação na forma como as pessoas pensam e agem. Por isso, a Educação desempenha um papel fundamental, já que permite formar cidadãos capazes de tomar decisões conscientes, e que atuem com responsabilidade ao nível do ambiente, tendo em atenção a viabilidade económica e a justiça social para as gerações atuais e futuras. A Educação contribui para uma perceção correta da atual situação do mundo, permite aprofundar as causas e, sobretudo, ajudar a definir/desenhar as medidas necessárias para se fazer frente aos problemas existentes e contribuir para as mudanças comportamentais que permitem a sua implementação.

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Especificamente, neste eixo temático, propõe-se a apresentação de estudos, nomeadamente ao nível:

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  • Do papel das Instituições na Formação para a Sustentabilidade – A abordagem promovida pelas instituições (Ensino Básico e Secundário e Ensino Superior) em todos os níveis e contextos para a sustentabilidade. Implementação de planos/estratégias de sustentabilidade por Instituições do Ensino Superior e Secundário (públicas e privadas).

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  • Da Formação de Professores – Os educadores são poderosos agentes de mudança. A importância da formação em competências básicas (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) dos cidadãos. Processos de desenvolvimento de competências de sustentabilidade, junto dos jovens por meio de práticas de ensino aprendizagem, inovadoras, transformadoras e orientadas para a ação.

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  • Do Currículo e Sustentabilidade – O lugar da Educação para a sustentabilidade, no Currículo Nacional do Ensino Básico, Secundário e Superior. A problemática da sustentabilidade nas aprendizagens proporcionadas aos estudantes, numa perspetiva disciplinar, interdisciplinar e/ou holística. Teoria e práticas sobre Educação para a sustentabilidade.

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  • Do papel das Instituições na Comunidade – As instituições (Ensino Básico, Secundário e Superior) desempenham um importante papel social e comunitário. O desenvolvimento ou participação em projetos promotores da sustentabilidade revela-se central para a formação de decisores (públicos e privados) mais capazes, para a introdução/desenvolvimento de planos, ações ou estratégias para a sustentabilidade e para a formação de cidadãos capazes de tomar decisões conscientes e responsáveis, ainda que já não tenham ligação formal a um contexto educativo.

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